Sobre o artigo dele na Folha de S.Paulo de hoje
Putrefação
Confesso que estava mais interessado em ver o grande clássico do futebol mundial entre Dinamarca e Liechtenstein (4 a 0) do que o resultado do julgamento de Renan Calheiros.
Fosse qual fosse, o fato de a chamada Câmara Alta do Parlamento reunir-se em sessão secreta, com voto igualmente secreto, já era uma sentença em si mesma. Quem se esconde de alguém é porque tem vergonha do que faz. Quem se esconde do público que o elegeu e lhe paga o salário é necessariamente um sem-vergonha, para dizer apenas o que é permitido.
O recurso extremo de proibir os senadores de usar celulares e laptops durante a sessão sugere que o ideal teria sido realizar a sessão em algum presídio de segurança máxima, para o efetivo isolamento total dos pais da pátria.
A falta de vergonha só aumenta quando se lembra que 41 senadores anunciaram à Folha que votariam pela cassação. Só 35 mantiveram a palavra. Não chega a ser uma surpresa ligar político à falta de palavra. Mas o descaramento não precisava ir tão longe.
Quanto ao resultado em si, nada a acrescentar ao que já foi dito aqui mais de uma vez: o mundo político brasileiro desconectou-se completa e definitivamente dos representados. Representa unicamente seus próprios interesses ou, pior, os seus negócios, com gado ou outras mercadorias.
Renan Calheiros continua a ser um cadáver político. Absolvido, mas cadáver.
Quem tem 35 colegas que o consideram culpado e outros seis que não sabem se é ou não, pois se abstiveram, tem a maioria da Casa (41) desconfiada de seu presidente.
Além disso, Calheiros, em vez da cadeira de presidente, terá que se sentar na de réu outras vezes, pois responde a dois outros processos no Conselho de Ética.
É o retrato acabado da política brasileira. Putrefata.
Respondendo Clóvis Rossi
Seu artigo está mais pra "retrato acabado da mídia brasileira. Putrefata."
Como você é hipócrita cara! Repugnantemente hipócrita!
Cite um artigo seu se descabelando indignado quando seu companheiro Arthur Virgílio, por exemplo, que ontem fez veemente defesa do voto aberto no início do julgamento, votou contra em 2003. Dizia na ocasião o arauto da ética e da moralidade: "O voto secreto é um instrumento que deixa o parlamentar a sós com sua consciência em uma hora que é sublime, em que o voto é livre de quaisquer pressões, que podem ser familiares, do poder econômico, de expressão militar ou de setores do Executivo. Voto pela manutenção do voto secreto".
Outra. Achar que alguém tem que falar exatamente a verdade pra Folha de São Paulo... Ora! O fato é que tinham certeza que haviam feito o serviço certinho e resolveram antecipar os louros do dia seguinte. É costumeira de seu patrão essa atitude. Tomaram na tarraqueta!
E o que te leva a pensar que as 6 abstenções podem ser somados aos 35 pra fazer do Renan "um cadáver político"? Certo está o Paulo Henrique Amorin: "O Procon tem a obrigação de interpelar a Veja, a Globo, O Globo, a Folha e o Estadão, que transformaram durante um mês e meio Renan Calheiros num cadáver e enganaram seus consumidores."
13 setembro 2007
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