Os números da Federal
Como professor, fiquei curioso em ver como estão os números do Vestibular UFPR 2007 relativo às licenciaturas. Ou seja, relativo a potenciais futuros colegas de profissão.
Fiz algumas contas. Os resultados são os seguintes:
• das 4144 vagas ofertadas, 930 são licenciaturas (22%).
• essas vagas são disputadas por 5030 candidatos (12% dos 42 079 concorrentes)
Isso dá uma relação candidato/vaga (quando consideramos apenas as licenciaturas) de 5,41.Bem abaixo dos 10,15 obtidos quando consideramos essa relação no geral de todos os cursos.
Esse número obviamente não surpreende. Achei até que seria menor.
Diante de um quadro de tanto desprestígio à nossa profissão, é alvissareiro saber que ainda temos cerca de 5 mil corajosos pretendentes a supostamente exercê-la.
Mais do que idealismo!
Analisando sobre outro ângulo, penso estes 5 mil pretendentes à profissão de professor (e outros milhares que concorrerão em outras universidades/faculdades), mais do que corajosos, podem sim é estar sendo espertos.
Não nego que pra ser professor há que se ter uma boa dose de idealismo. Mas mesmo que se pense apenas em função do que ela pode significar em termos financeiros, acho que nossa profissão é uma boa aposta.
Há anos que venho “fazendo propaganda” disso com meus alunos. Assim como fiz com meus filhos, mas só consegui convencer um dos três.
Continuo acreditando que nossa profissão voltará a ser prestigiada inclusive em termos financeiros. Avalio que estamos caminhando para isso, embora não na velocidade que almejamos. A aprovação no Congresso nesta semana de nosso Piso Salarial Nacional é um exemplo desse avanço.
O Professor no Paraná
O estado do Paraná abriu nesta semana mais 14 mil vagas para professores. Uma rápida olhada no item 2.3 do edital (que se refere à remuneração) desestimularia possíveis concorrentes: “R$ 602,76 (Seiscentos e dois reais e setenta e seis centavos) mais auxílio transporte, para uma carga horária de 20 horas semanais”. Isso daria cerca de 750 reais. Menos de 2 salários mínimos brutos. Um vergonha, muitos poderiam dizer.
Mas então, como se explica que teremos, no mínimo, uns 50 mil concorrendo a essas vagas? Como se explica essa verdadeira febre de procura pelos cursos de preparação que o nosso sindicato está oferecendo e que esgotou as vagas em poucas horas de inscrição?
Amor à profissão? Abnegação? Sacerdócio?
Pode ser isso também e tomara que seja. Mas é obvio que não é só isso. Eles sabem que as contas devem ser feitas considerando 40 horas semanais (32 com os alunos e 8 horas atividade) e isso já elevaria nosso piso para 1500 reais. Continua ridículo, concordo!
Mas sabem também que tendo uma pós-graduação (e quem é mesmo esperto já engatilha uma ao terminar a graduação) já daria pra iniciar na profissão com quase 2 000 reais. Aí já começa a melhorar, mas ainda está baixo!
Mas eles sabem mais: sabem que têm uma lei do Plano de Carreira em pleno vigor que vai permitir ganhos reais até atingir o teto de cerca de 4500 reais. E sem considerar os qüinqüênios. Não é salário de marajá, mas, convenhamos, já é bem mais razoável. Tudo bem que pode demorar uns 15 anos pra chegar nesse teto, especialmente se o governo continuar dificultando o acesso no último nível, mas chega-se lá.
Para além da sala de aula!
Não é só! Acho que tem mais uma coisa que o candidato pode estar levando em consideração ao entrar nessa empreitada. Ele pode estar (e tomara que esteja!) disposto a ir além das atividades diárias da sala de aula e encarar a luta do seu Sindicato pela melhoria das condições do Educador. E isso incluiria, por exemplo, a batalha pela equiparação salarial com os outros funcionários públicos do Estado que tem o mesmo nível de formação que ele. E eu acredito que isso é coisa para essa gestão ainda. Essa vitória faria com que nosso teto salarial chegasse a 5800 reais.
Se somarmos a isso o fato de que nossa luta já garantiu a continuidade da aposentadoria especial (30 anos para os professores e 25 para as professoras) e 50% de qüinqüênios ao se aposentar, estará então explicado porque esse concurso estará chamando tantos concorrentes.
Explicar-se-á também o porque de minha premissa inicial de que, para além do idealismo profissional, pode ser um bom investimento no futuro inscrever-se no vestibular, bem como em concursos para Professor.
Concluo insistindo que o idealismo precisa também estar presente. Acredito que vai chegar o tempo (e ele já começa a ser fazer presente) que o Professor que não tiver nos seus planos a luta pela melhoria efetiva da qualidade Educacional, vai ser um “peixe-fora-d’água” em nossas escolas.
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